sábado, 23 de fevereiro de 2013

Papa não sabia mais em quem confiar após escândalo, diz secretário do Vaticano



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23.fev.2013 - O papa Bento 16 conversa com o presidente italiano, Giorgio Napolitano, durante uma audiência privada e de despedida no Vaticano. Este é o último encontro político do pontífice antes da renúncia marcada para 28 de fevereiro Observatório Roman/AFP
Após o escândalo do vazamento dos documentos confidenciais da Santa Sé, o papa Bento 16 tinha a impressão de não ter mais pessoas de confiança ao seu redor. Foi o que disse o  número dois da Secretaria de Estado do Vaticano, Angelo Becciu, ao jornal italiano "La Stampa" ao relembrar a gravidade do caso Vatileaks, que ganhou ainda mais notoriedade com o anúncio da renúncia do pontífice.

ENTENDA O PROCESSO SUCESSÓRIO DO PAPA

Quando o chefe da Igreja Católica renuncia a sua função ou morre, seu sucessor é eleito pelos cardeais reunidos em conclave na Capela Sistina, onde ficam isolados do mundo exterior.

Cinco cardeais brasileiros deverão participar do conclave que se reunirá para eleger o sucessor do papa Bento 16. Segundo a última lista do Vaticano, há um total de 116 cardeais aptos a votar no conclave.

Para poder votar na escolha do papa, o cardeal precisa ter menos de 80 anos. O Brasil tem um total de nove integrantes no Colégio Cardinalício do Vaticano, mas quatro deles já ultrapassaram a idade limite.
"Foi o momento mais difícil, as pessoas ficaram chocadas e indignadas com o vazamento que causou muita dor ao papa", afirmou ele.
Um relatório de 300 páginas encomendado pelo pontífice com o detalhamento das investigações devem ser repassados aos cardeais antes do conclave, que vai eleger o novo papa. 
Apesar de o conteúdo do relatório ser secreto, o jornal "La Repubblica" revelou que o documento descreve as lutas internas pelo poder e pelo dinheiro, assim como o sistema de chantagens internas baseadas em fraquezas sexuais, o chamado "lobby gay" do Vaticano.
 
Sob o título "Não fornicarás, nem roubarás, os mandamentos violados no relatório que sacudiu o Papa", o jornal italiano informou ainda que o relatório relata a existência de uma "rede transversal unida pela orientação sexual". "Pela primeira vez, a palavra homossexualidade foi pronunciada no apartamento papal", afirma o jornal.
 
Durante oito meses, conforme o "La Repubblica", os cardeais interrogaram diversos religiosos, dividindo-os por congregação e nacionalidade, e estabeleceram que existem vários grupos de pressão dentro do Vaticano, entre eles um sujeito a chantagem, a "impropriam influenciam" por sua homossexualidade.
 
Outro grupo se especializava em montar e desmontar carreiras dentro da hierarquia vaticana. Já o terceiro e último aproveitava para utilizar recursos multimilionários para seus próprios interesses à sombra da cúpula de São Pedro através do banco do Vaticano, de acordo com a publicação.
 
O jornal chegou inclusive a relacionar a existência do documento com à renuncia de Bento 16, que se convenceu de que um sucessor mais jovem, forte e enérgico era o melhor indicado para fazer a limpeza na milenar instituição.
 
A previsão é que Bento 16 encontre um espaço em sua agenda nos próximos seis dias para se reunir com os cardeais para comunicá-los sobre o conteúdo do relatório antes mesmo do conclave, que vai eleger o novo papa. Ainda não se sabe quando a reunião de cardeais eleitores terá início. Mas espera-se que o próximo pontífice seja conhecido até a Páscoa, no final de março. 

Do UOL, em São Paulo

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