quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

ARTIGO: A SECA NO SERIDÓ

procopio conselho
Os açudes do Seridó estão quase todos secos. A seca chegou às cidades do Seridó, antes estava apenas na zona rural. Temos que aprender estocar água, fazer reuso, utilização racional, combate ao desperdício, utilizar novos métodos de irrigação e saber que moramos no semiárido e não no meio do mar. 

Pelo jeito seremos obrigados a aprender com nossas próprias tragédias. Teremos que aprender a lidar com a escassez de água, seja por bem ou por exigência das condições climatológicas e das tragédias socioambientais em curso e que não queremos ver e nem acreditar. Infelizmente fomos educados a achar que água é um bem da natureza infinito e que nunca ia faltar. 

O consumo absurdo de 70% da água doce para fins de agricultura, 20% para a indústria e 10% para o uso doméstico são constatados, mas pouco questionados e refletido. 

Muitos defendem cegamente a irrigação como modelo para o desenvolvimento da agricultura moderna aqui no Nordeste. A falta d’água neste momento em várias partes do nordeste e do RN é exatamente pela forma inadequada de irrigação que está sendo adota com baixa eficiência e custo benefício. Nessa estiagem que estamos passando mostra também a falta de gestão dos órgãos públicos que diante do cenário de seca prevaricaram de suas funções e estão levando populações urbanas e rurais a um colapso hídrico generalizado. 

O quadro é assustador, se os santos não ajudarem e a chuva não chegar, poderemos ver a falência de nossas cidades seridoenses que dependem da água encanada. Sem a água não há indústria, não há serviços de saúde, educação, construções e etc. 

Ficaremos em nossas casas sob o fedor das pias cheias, dos vasos sanitários entupidos, da sujeira das roupas, do banho que não se pode ter, do calor infernal e falta de água para beber seria um inferno. Em pouco tempo o mercado da água engarrafada seria insuficiente e os preços ficariam nas nuvens impedindo que a maioria da população pudesse ter acesso. Vamos rezar e torcer pra as que as chuvas voltem e os reservatórios recuperem parte de seus volumes para atravessar o ano.

Que possamos tirar lições e repensar nosso modelo de vida e sociedade, que estão baseadas no consumo exagerado e na exploração ilimitadas dos bens comuns da vida. Estamos preocupados em consumir muitos bens, porém, estamos esquecendo que sem água, alimentos e o ar não viveremos. Parece que não somos tão poderosos e fortes como o mercado nos diz. Pense nisso e viva melhor e solidariamente. 

Por José Procópio de Lucena. – engenheiro agrônomo

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