A presidente Dilma Rousseff vai fazer um pronunciamento em cadeia de
rádio e TV nesta sexta-feira (21) às 21h. A decisão pela declaração foi
tomada durante reunião pela manhã com seus ministros, convocada ontem
para avaliar o efeito dos protestos sobre a imagem do país e decidir o
que fazer em termos de segurança.
Em seu discurso, a presidente pretende sinalizar com mais ênfase que há
total controle das políticas públicas do governo, sobretudo as com
impacto social junto à classe média, e quer lembrar os canais
institucionais de participação social. Isso, na avaliação de assessores
do Planalto, é uma forma de mostrar respeito às cobranças dos movimentos
mais afins à política petista.
Veja o mapa dos protestos que acontecem pelo país
Quais as novas bandeiras? Veja no protestômetro
Dilma estava "perplexa" com protestos, diz governador do Ceará
Eduardo Scolese: Sem convicção, Dilma olha para o teto e lembra Lula
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A guinada conservadora dos discursos, também detectada pelo Planalto e
exposta à presidente nas várias reuniões ao longo do dia, porém, ainda é
objeto de análise. A declaração à nação seria uma forma de diminuir uma
parte dos descontentamentos, para que haja tempo de diagnosticar a
guinada conservadora de algumas parcelas de manifestantes.
Dilma deve ainda agendar reunião com governadores e também prefeitos
para debater a pauta de reivindicações dos manifestantes e discutir
formas de adotá-la.
Ela fez mais de uma reunião pela manhã com ministros para discutir o
risco de as manifestações seguirem sem controle no país, o que pode
colocar em risco os jogos da Copa das Confederações, além de prejudicar a
imagem do país perante investidores estrangeiros.
PROTESTOS
Mesmo após a redução em série das tarifas de ônibus, principal
reivindicação dos protestos que tomaram conta do país, novos atos
levaram mais de 1 milhão de pessoas às ruas em cerca de cem cidades. Hoje há previsão de atoes em cerca de 60 municípios.
No 14° dia de manifestações, cenas de violência e vandalismo foram
registradas em 13 das 25 capitais, que tiveram protestos. Ocorreram
ataques ou tentativas de invasão a órgãos dos Três Poderes em nove
cidades. Ações de repúdio a partidos políticos foram recorrentes.
Em Brasília, que contabilizou mais de 50 feridos, um grupo quebrou os
vidros do Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações
Exteriores e houve princípio de incêndio. Dois ministérios foram pichados, e o Banco Central teve vidraça danificada.
"Foi um ato de vandalismo que não pode se repetir. Eu conclamaria a
todos os manifestantes que observassem a calma e que respeitassem o
patrimônio da nação", disse o chanceler Antonio Patriota à rádio CBN. "Fiquei muito indignado com o que ocorreu."
No Rio, o protesto reuni 300 mil pessoas e terminou num grande confronto que se espalhou pelo centro e terminou com mais de 60 feridos. Agressores chegaram a atacar um veículo blindado da Polícia Militar, conhecido como "caveirão".
Em Ribeirão Preto (313 km de São Paulo), pelo menos 25 mil pessoas foram às ruas na quinta-feira (20) para protestar. O estudante Marcos Delefrate, 18, morreu após ser atropelado
por um carro que furava um bloqueio de manifestantes --a primeira morte
desde que começou a escalada de protestos, há duas semanas. Outras três
pessoas ficaram feridas, uma delas em estado grave. O motorista está
foragido.
Em São Paulo, a comemoração pela redução da tarifa, de R$ 3,20 para R$
3, foi marcada por hostilidades de manifestantes contra membros de partidos políticos
como PT, PSOL e PSTU. A multidão gritava "fora, partidos, vocês querem o
povo dividido". Os petistas, o maior grupo, deixaram o ato.
O Movimento Passe Livre (MPL) emitiu nota
no início da madrugada desta sexta-feira em repúdio aos atos de
violência contra partidos políticos durante as manifestações. Às 20h,
mais de 110 mil pessoas se reuniam na avenida Paulista, segundo o
Datafolha.
Petistas foram expulsos do ato, que reuniu 110 mil pessoas às 20h, segundo o Datafolha.
TAI NALON
DE BRASÍLIA
DE BRASÍLIA
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